quinta-feira, 2 de junho de 2011

Edição especial(I)- Cidades-Sede: Belo Horizonte

Cidade projetada pelo engenheiro e urbanista Aarão Reis para ser a capital do estado de Minas Gerais, Belo Horizonte foi inaugurada em 1897. Hoje é o sexto município mais populoso e um dos mais importantes polos culturais, econômicos e industriais do país. A Grande Belo Horizonte, composta por 34 municípios, é a terceira maior aglomeração urbana do Brasil, com 5,03 milhões de habitantes (estimativas IBGE/2008), e registra a menor taxa de desemprego (10,2%) entre as seis maiores regiões metropolitanas do país. Em 2006, o PIB de Minas Gerais ficou em 214,8 bilhões, o terceiro maior do Brasil. Os municípios de Belo Horizonte, Betim e Contagem somaram PIB de 62,6 bilhões de reais em 2006, valor que representa mais de 80% do PIB da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
O estado de Minas Gerais tem diversos apelos turísticos, como cidades históricas, parques estaduais e nacionais com atrações para ecoturismo e turismo de aventura, ou ainda o circuito das águas, com roteiros para quem quer relaxar e passear tranquilamente. Na capital mineira, conhecida internacionalmente por seus belos conjuntos arquitetônicos, a atividade turística está diretamente relacionada ao segmento de feiras e eventos. Porém, o potencial para o turismo de negócios poderia ser mais bem explorado.
Estádio MineirãoBelo Horizonte é a única grande cidade do país cujos principais clubes não possuem um estádio de médio porte. Inaugurado em 1965, o Estádio Governador Magalhães Pinto, mais conhecido como Mineirão, é de propriedade do governo estadual, e tem capacidade para 81 mil pessoas. Seu recorde de público aconteceu em 1997, quando 132,8 mil espectadores acompanharam a partida em que o Cruzeiro venceu o Vila Nova por 1 a 0. Reformado, ele poderá atender às condições da Fifa e ao potencial esportivo da cidade, caracterizado pela existência de um público pagante capaz de dar sustentação econômica ao estádio. Citando apenas como exemplo, dos 57 mil ingressos disponíveis para o jogo Brasil e Argentina, em junho de 2008, foram vendidos 52,5 mil, com renda total de R$ 6,6 milhões, o que significa um valor médio por ingresso de R$ 125,75.

Belo Horizonte tem um histórico de grande público e renda no Mineirão. Mas são várias as intervenções para adaptar o Mineirão às exigências da Fifa, a maioria delas relacionada a problemas de visibilidade e segurança. Um reforço de pilares e molas foi implantado para dar sustentação à arquibancada superior, mas atrapalha a visão da arquibancada inferior para o campo. Há também placares sobre a arquibancada e grades na separação das torcidas, o que compromete a visibilidade em vários pontos do estádio.
Turismo

A Copa de 2014 justifica investimentos que venham a incrementar a infraestrutura turística com o objetivo de ampliar o tempo de permanência do turista de negócios na capital e criar condições para que ele retorne em outras oportunidades. De olho nessa perspectiva, a Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais (Setur) anunciou em abril de 2009 o projeto Rede de Turismo de Negócios e Eventos, que deve contar com investimentos de 5,6 milhões de dólares, garantidos pelo convênio assinado em 2008 com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Parte da verba se destina à construção de um banco de dados para organizar e unificar o calendário de eventos nacionais e internacionais, de modo que eles passem a ser distribuídos equitativamente ao longo do ano, equilibrando assim a ocupação hoteleira na capital e permitindo a ampliação da atividade. O projeto prevê também a capacitação dos setores da cadeia e a oferta de serviços turísticos de qualidade e com preços competitivos. A ideia é fazer com que o turista de negócios passe a usufruir também da infraestrutura de serviços para o turismo de lazer.
Entre os desafios que Belo Horizonte deve enfrentar para alcançar esse objetivo está a ampliação da rede de hotéis. Dados de 2007 da Setur indicam que o parque hoteleiro da capital é composto por 52 hotéis de duas a cinco estrelas e 38 apart-hotéis, somando 90 estabelecimentos que juntos disponibilizam 7.945 unidades habitacionais, das quais 34,4% de padrão quatro ou cinco estrelas. Até o final de 2010, a rede hoteleira de Belo Horizonte deve oferecer mais 1.668 unidades.
Infraestrutura e acesso ao estádio

O modelo mononuclear de desenvolvimento urbano inibiu o crescimento de novos centros nos demais municípios da Região Metropolitana de BH. O traçado do metrô e a macroestrutura viária e de transportes da capital mineira, dispostos predominante nos eixos norte e oeste, reforçam essa concentração e as deficiências na articulação espacial da região metropolitana, abrindo diversas frentes para investimentos em transporte coletivo.
A acessibilidade ao estádio deverá ser garantida por um sistema de transporte de massa, próximo e ligado aos principais polos geradores de viagens da cidade. Nos municípios maiores da RMBH, o sistema deverá ser de alta capacidade, como o metroviário ou de trens metropolitanos. Em Belo Horizonte, o projeto metroviário está definido, porém os recursos financeiros não estão suficientemente assegurados. Nas demais cidades, é possível utilizar um sistema de média capacidade, como os VLTs ou corredores exclusivos de ônibus. A movimentação dos turistas para o estádio deverá ser feita, predominantemente, por vans. Com a infraestrutura de acesso existente são esperados problemas de mobilidade, o que deve prejudicar a acessibilidade.
Plano de Mobilidade Urbana para a Copa 2014

O Plano de Mobilidade Urbana para a Copa 2014, apresentado pelo Ministério do Turismo prevê para Belo Horizonte apenas R$ 211,7 milhões para 5,5 quilômetros de corredores de ônibus. O plano compreende o corredor de transporte coletivo, com a segunda etapa de duplicação da avenida Presidente Antônio Carlos, construção do terminal Pampulha e reformulação do complexo viário da Lagoinha e da Área Central, com faixas exclusivas e passagens de nível.
O Estádio Mineirão fica na região da Pampulha, predominantemente residencial, de alta e média renda, junto ao campus da Universidade Federal de Minas Gerais e a cerca de 3 km do aeroporto da Pampulha. É servido por um sistema de transporte de ônibus urbano comum. Os planos de transporte para a região incluem uma linha metroviária de 10,3 km entre a Pampulha e o bairro da Savassi, conectada com as linhas de metrô já existentes. Porém essa linha ainda está em estudos e não há recursos orçamentários previstos para sua implantação.
Por se tratar de uma região residencial, o maior tráfego deve ocorrer nas vias de acesso ao Mineirão. Assim, é necessário identificar os principais gargalos da mobilidade das rotas de acesso ao estádio e avaliar o potencial da Pampulha como polo de geração ou de atração de viagens.
Belo Horizonte também está desenvolvendo o projeto da Linha Verde, que tem o objetivo de reduzir de 60 minutos para 35 minutos o tempo de viagem entre o aeroporto internacional e o centro de Belo Horizonte, distantes cerca de 40 quilômetros. O projeto é o mais significativo conjunto de obras viárias na Grande Belo Horizonte nas últimas décadas. O empreendimento que requalifica a área próxima à Estação Rodoviária e ao Parque Municipal abrange intervenções nas avenidas Andradas e Cristiano Machado, na Rodovia MG-010 e o acesso ao Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins. Infra-estrutura aeroportuária Belo Horizonte conta com dois importantes aeroportos, o menor na região da Pampulha, e o principal em Confins, na RMBH, localização mais distante do centro da capital (38 km) entre todos os aeroportos do país. Em 2005, a Infraero transferiu 120 voos da Pampulha para o Aeroporto Internacional de Confins, o que quintuplicou o movimento de passageiros – 400 mil em 2005 e 5,18 milhões em 2008.
Desafios e oportunidades

Belo Horizonte conta com a estrutura ideal de equipamentos para o futebol, podendo ser o paradigma para outras cidades que querem empreender um novo estádio público. Preparar o estádio para os jogos da Copa 2014 não é o problema maior. O principal desafio de Belo Horizonte para sediar a Copa 2014 está na insuficiência da sua rede hoteleira, principalmente dos hotéis de maior categoria. Há investidores interessados em empreender novos hotéis, mas ainda restam dúvidas sobre a sua sustentabilidade econômica. A mobilidade urbana é também um grande problema, que como em outras grandes metrópoles, transcende a Copa 2014, mas o evento deve reverter-se em obras que sirvam a Belo Horizonte por vários anos após 2014. Os investimentos em infraestrutura devem assim deixar um legado importante para a cidade. A oportunidade de reurbanização ou revitalização de áreas degradadas (já ocorridas ou em processo) também deverá relacionar-se com as melhorias de acessibilidade e mobilidade. O impacto positivo estará assim na implantação de sistemas de transporte coletivo de alta ou média capacidade.

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